quarta-feira, março 23, 2005

Porque é que o blog está vazio?, perguntam vocês...

Eu explico...

Daqui para baixo era suposto, de facto, estarem mais algumas dezenas de contos absolutamente cretinos. Contudo, fui obrigado pelo meu editor (insultos para mail@sombradoamor.com) a retirá-los do blog, porque caso contrário, e passo a citar, «corremos o risco de ninguém comprar a porra do livro».

Apesar da minha relutância, anuí. Com a condição de voltar a disponibilizá-los aos meus estimados leitores a partir do momento em que esgotemos os 27 exemplares que vão sair da gráfica.

Abraços.

sexta-feira, março 18, 2005

A verticalidade do efémero

- «Se saltasses mais alto, perderias de vista os nenúfares» - , disse Mateus enquanto folheava o jornal.
José ignorou-o. Gemeu algo imperceptível, enquanto esfregava o balde amarelo com acetona. «Mfmhnmumm». Ou algo parecido.
- «Será mais prudente, por isso, inclinares-te ligeiramente aquando da propulsão que incutes nos tornozelos para o salto» - , insistiu Mateus, coçando as orelhas.
- «Incuto?» -, retorquiu José já com o balde limpo e equilibrado na cabeça. Lá fora os pardais esvoaçavam alegremente em trajectos hexagonais primorosamente repetidos.
- «Sim, quando flectes os joelhos para»...
- «Propulsão que incuto?!...», insistiu José enquanto marchava em redor de si próprio num compasso militar.
- «Sim... o que te quero dizer é que com essa tipologia saltitona, acabarás por perder de vista os nenúfares»...
José parou a sua marcha. Pousou o balde. Descalçou o sapato direito. «Tipologia saltitona?!», indignou-se. «Mas tu estás a falar de quê, concretamente?».
- «Oh»...